Crise de ansiedade: o que fazer quando tudo parece sair do controle

Compreender os mecanismos da ansiedade pode ser o primeiro passo para retomar o equilíbrio emocional

  • Por Brazil Health
  • Por Jovem Pan

Vivemos na era da ansiedade. Somos uma sociedade de pessoas estressadas e nervosas. Os transtornos de ansiedade estão entre os quadros psicológicos mais debilitantes da atualidade. Milhões de pessoas, em todo o mundo, lutam diariamente para controlar medo, pavor, pânico e preocupações. Quanto mais tentam fugir da ansiedade e de seus gatilhos, mais difícil se torna a vida.


A ansiedade é parte de nossa herança biológica, e o medo é a emoção associada a esse estado. Nossos ancestrais viviam em um mundo repleto de perigos. O medo funcionava como um alarme, que os fazia fugir e buscar segurança. Os instintos de sobrevivência entravam em ação. Foi assim que a mente humana evoluiu.


Hoje, os desafios são outros, mas o cérebro continua a funcionar como se nada tivesse mudado. A ansiedade está sempre voltada para o futuro, governada pelas ideias “E se?” ou “Será que?”. Não ficamos ansiosos em relação ao passado, mas sim quanto ao que pode acontecer. “E se eu perder meu emprego?”, “Será que vão notar que estou nervoso?”. Precisamos nos sentir seguros — isso é comum a todos os seres vivos.


Sintomas, reações e estratégias de enfrentamento


O medo está no centro dos estados de ansiedade. É uma emoção que sinaliza perigo, real ou imaginado, e produz alterações fisiológicas importantes:

  1. Percepção do estímulo ameaçador pelo sistema nervoso central.
  2. Ativação do sistema nervoso simpático, preparando o corpo para lutar, fugir ou paralisar.
  3. Liberação de cortisol e adrenalina pelas glândulas suprarrenais.
  4. Reação do indivíduo (luta, fuga ou paralisia).
  5. Retorno ao estado de repouso com ativação do sistema parassimpático.

Esse circuito é essencial para a sobrevivência, mas, quando o medo é desproporcional à realidade, ele se torna disfuncional, permanente e improdutivo. Crises de ansiedade passam a ser disparadas com frequência.

A ansiedade clínica costuma ser mais intensa, persistente e interfere na vida cotidiana. O indivíduo tende a maximizar riscos e minimizar sua capacidade de enfrentamento. Os sintomas variam:


  • Sintomas físicos: taquicardia, falta de ar, náuseas, tremores, formigamento, sudorese, tensão muscular, entre outros.
  • Sintomas cognitivos: medo de perder o controle, pensamentos catastróficos, dificuldade de concentração, percepção de irrealidade.
  • Sintomas emocionais: nervosismo, irritabilidade, pavor, impaciência.
  • Sintomas comportamentais: fuga, esquiva, hipervigilância, dificuldade para falar.

Diante de uma crise, algumas estratégias podem ajudar:

  1. Conscientização: pergunte-se o que está sentindo, quais pensamentos e sensações físicas estão presentes. Lembre-se de que pensamentos não são fatos.
  2. Respiração diafragmática: respire de forma lenta e profunda, expandindo o abdome ao inspirar e recolhendo-o ao expirar.
  3. Atenção plena ao momento presente: observe o ambiente ao seu redor e o fluxo dos pensamentos sem se prender a eles.
  4. Consciência sensorial: ative os sentidos. Observe cores, sabores, cheiros, sons e texturas.
  5. Relaxamento muscular progressivo: contraia e relaxe grupos musculares da cabeça aos pés, percebendo a diferença entre tensão e relaxamento.
  6. Mindfulness: pratique a atenção plena de forma formal (meditação guiada) ou informal (durante atividades cotidianas). Estudos mostram seus benefícios na regulação emocional.


Quando buscar ajuda profissional?


Busque ajuda se a ansiedade fugir do controle e causar prejuízos na saúde, trabalho, relacionamentos ou bem-estar. Medo e ansiedade não tratados podem comprometer a vitalidade e a autoconfiança. Abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), a Terapia Comportamental Dialética (DBT) e a Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (MBCT) apresentam bons resultados, com base em evidências científicas.

Estas orientações não substituem o acompanhamento de profissionais da saúde, como médicos psiquiatras e psicólogos. O autoconhecimento é um grande aliado, mas não hesite em procurar ajuda especializada.

Marta Lenci – CRP 116.553
Psicóloga clínica, formada pela Universidade de São Paulo, com especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental e pós-graduação em Terapia do Esquema


Avanços da robótica na neurocirurgia: um futuro cada vez mais real

A aplicação de braços robóticos em procedimentos neurológicos promete transformar a precisão e a segurança das cirurgias no cérebro e na coluna

  • Por Brazil Health
  • Por Jovem Pan

A neurocirurgia é conhecida por ser uma especialidade que demanda elevada precisão e rigor técnico, além de ser altamente vinculada ao uso de tecnologias avançadas e de alta complexidade, como microscópios, endoscópios, neuronavegadores e implantes de neuromodulação. No campo da robótica, entretanto, embora um dos primeiros procedimentos do tipo tenha sido realizado em uma neurocirurgia, seu uso ainda não se tornou corriqueiro como em outras áreas da medicina, como a urologia, ginecologia e cirurgia abdominal.

Uma das maiores dificuldades é a necessidade de um nível de precisão e controle de movimento ainda mais delicado do que em outras áreas cirúrgicas, permitindo que o cirurgião possa operar o robô de forma remota, como ocorre em outras especialidades.


Novas tecnologias e o papel da estereotaxia


Nos últimos anos, esse panorama vem se modificando rapidamente, com o desenvolvimento, por diversas empresas de tecnologia médica ao redor do mundo, de robôs tarefa-específicos, tanto para cirurgias cranianas quanto para cirurgias funcionais e de coluna. Alguns levantamentos sugerem que, mesmo em países como os Estados Unidos ou da União Europeia, menos da metade dos centros de treinamento universitários em neurocirurgia já incluem algum tipo de robô em seu treinamento habitual. No Brasil, alguns centros começaram a trazer essa inovação ao longo dos últimos dois anos. Dentre todos os procedimentos neurocirúrgicos, dois campos se destacam na evolução da robótica: o implante de eletrodos cerebrais e a cirurgia de coluna.


No tratamento de doenças como Parkinson, distonia e epilepsia, muitas vezes é indicado o implante de um eletrodo cerebral profundo, que será conectado a um gerador que realizará uma função semelhante à de um marca-passo cerebral. Considerando que o implante desses eletrodos deve ser extremamente preciso, tanto para obter o efeito desejado quanto para não causar danos indesejados, é utilizada uma técnica de localização chamada estereotaxia, que permite, por meio de coordenadas precisas, localizar exatamente a área do cérebro em que o eletrodo deve ser inserido. Com o uso de braços robóticos, pode-se aumentar a precisão, a velocidade e a segurança do procedimento, melhorando, por consequência, o resultado para os pacientes.


O avanço dos robôs na cirurgia de coluna e novas fronteiras


No caso das cirurgias de coluna, especialmente naquelas em que é necessário o implante de parafusos (os famosos pinos e placas de artrodese), a necessidade de precisão recai sobre a preservação da estrutura óssea que irá ancorar o material e evitar danos às estruturas neurológicas ao redor. O uso de radiografias, tomografias e, mais recentemente, da neuronavegação tem permitido cirurgias menos invasivas e com menor risco de falha.

Em 2020, durante visita a um grande centro americano, pude observar uma versão ainda rudimentar de um braço robótico que unia as técnicas já disponíveis até então para melhorar a segurança e o tempo desses procedimentos. Hoje, cinco anos depois, com grande prazer, vejo que já temos no Brasil uma versão aprimorada dessa tecnologia, disponível ainda em poucos locais, mas que já demonstra grande valor para as cirurgias de coluna. Os novos robôs permitem cortes menores, cirurgias mais rápidas e com a mesma efetividade da cirurgia tradicional.



Algumas outras áreas promissoras, ainda sem previsão de implementação no país, envolvem robôs para procedimentos endovasculares, tratamentos oncológicos utilizando laser de alta frequência e robôs para mapeamento cerebral, biópsias e a combinação de robótica com endoscopia — em todos os casos, permitindo cirurgias minimamente invasivas e precisas.

Finalmente, embora a maioria dos robôs neurocirúrgicos funcione hoje como auxiliares e guias de posicionamento, diversos esforços se concentram na criação de um braço robótico que possa ser operado de forma remota, permitindo a realização de procedimentos nos quais o neurocirurgião possa controlar diretamente a execução da cirurgia, como ocorre em outras especialidades. Com o crescimento dos dispositivos que incorporam inteligência artificial, o desenvolvimento de novos materiais e o aumento da potência computacional, esse futuro parece cada vez mais próximo.



Cesar Cimonari de Almeida – CRM 150620-SP/RQE 66640
Neurocirurgião

Como o tempo de espera no SUS irá diminuir? Ministro Alexandre Padilha explica programa ‘Agora tem Especialistas’

Iniciativa, lançada na última sexta-feira (30), prevê o uso de toda a estrutura de saúde do país, pública e privada, para ampliar a capacidade de atendimento à população

  • Por Jovem Pan

O governo brasileiro lançou o programa “Agora tem Especialistas” com o intuito de diminuir o tempo de espera no Sistema Único de Saúde (SUS) para atendimentos médicos especializados. Para falar sobre o assunto, a Jovem Pan entrevista o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que destacou que a iniciativa irá mobilizar tanto a estrutura pública quanto a privada da saúde, com foco em 10 ações principais. Uma das medidas inovadoras é a utilização de hospitais privados e filantrópicos que possuem dívidas com a União. Esses hospitais poderão trocar suas dívidas por atendimentos médicos especializados, como cirurgias e exames, sem custos adicionais para o SUS. Além disso, planos de saúde que não ressarciram o SUS por atendimentos realizados também poderão quitar suas dívidas oferecendo mais consultas e exames.


O programa também aposta na telessaúde, permitindo que médicos de unidades básicas de saúde se conectem com especialistas, como cardiologistas e dermatologistas, reduzindo em até 30% a necessidade de encaminhamentos para consultas presenciais. Um exemplo prático dessa tecnologia foi uma cirurgia cardíaca em Manaus, acompanhada remotamente por médicos de São Paulo, evitando deslocamentos e agilizando o processo. O ministro Padilha enfatizou que a tecnologia será uma aliada para garantir diagnósticos e tratamentos mais rápidos em todo o país.


“Estamos mobilizando toda a estrutura pública e privada da saúde para diminuir o tempo de espera no atendimento especializado. São 10 ações. Na saúde privada, tem hospitais que tem dívidas com a União que não pagam. São dívidas históricas. Vamos abrir uma forma para que esses hospitais, que ofereçam exames e cirurgias especializados para os pacientes que estão sendo atendidos no SUS. Eles serão atendidos lá, sem precisar pagar. Eles vão conseguir trocar essas dívidas por esses atendimentos”, explicou o ministro sobre o programa “Agora tem Especialistas”.


Além disso, o ministro mencionou que o Brasil continua a bater recordes em transplantes de órgãos e que novas tecnologias e estratégias serão anunciadas para reforçar esse setor. O programa de transplantes é visto como uma extensão do “Agora tem Especialistas”, pois melhora a qualidade dos hospitais e dos serviços oferecidos. A criação de um novo painel nacional que monitorará o tempo de espera para atendimentos especializados também foi destacada, obrigando estados e municípios a fornecerem dados precisos.


A prioridade do programa é garantir diagnósticos e tratamentos rápidos, especialmente para casos de câncer. Para isso, será criado um supercentro de diagnóstico em parceria com o Hospital AC Camargo e o Instituto Nacional do Câncer. Com essas medidas, o governo espera não apenas reduzir o tempo de espera, mas também elevar a qualidade do atendimento médico especializado no Brasil, beneficiando milhões de brasileiros que dependem do SUS.



*Com informações de Jornal da Manhã